O ambiente fechado é um pouco claustrofóbico para mim, eu suo frio, mas dessa vez não é porque não vejo nem portas nem janelas, mas logo você vai saber o porquê.
Eu sinto um leve torpor, acho que é fumaça no ambiente, é como se fumo e baunilha estivessem no ar numa combinação deliciosa e mortal, aspiro 3 vezes e ouço uma voz doce num canto que diz para mim:
- Uma delícia não é? É um Borkum Riff Original. A dona da voz é morena, pele lustrosa e com olhos tão bonitos e escuros que demoro a responder e só pergunto, o quê?
- Cah (só fui saber o seu nome muito depois) me responde com propriedade: É um blend preparado com tabacos Virginia e Burley, aromatizado com baunilha e preparado por artesãos. De acordo com ELE, proporciona um raro prazer de fumar.
Minha cabeça bate junto com meu coração, Burley, blend, baunilha e ... ELE, acelerando os meus batimentos cardíacos.
O olhar de Cah vai para o seu lado esquerdo, vejo cabelos cacheados, uma boquinha finamente desenhada. Ela usa uma gag de madeira, venda e abafadores de ouvido. Tenho a impressão que por tras da gag ela sorri.
Cah me diz que aquela é Rubia e que, se ela pudesse, diria que é uma prazer me conhecer, pq ela é muito gentil sempre, mas hoje ELE queria ver ela assim. Novamente eu ouço ELE e minha cabeça lateja mais.
Não sei dizer exatamente quando tempo ficamos lá, Rubia sobre um pequeno tapete fofo, Cah ajoelhada sobre o chão nu, e eu estava sobre um puf baixo. As três de vestes claras, ao lindo estilo Ateniense, apenas as cores dos cordões eram diferentes. Ao ver que eu olhava os cordões Cah me explicou com sua voz de gata:
- Protocolos de um senhor, minha cara E não, não me diga o seu nome, hoje você é apenas A convidada. Rubia tem o cordão rosa, significa que ela faz algo bom e as atenções da noite são dela. Eu uso o vermelho significa que serei testada em um de meus limites. O seu é branco, não dava para sua veste ficar solta, não é? Ela riu enquanto eu enrubescia e me senti chateada, quando lágrimas ameaçavam cair dos meus olhos.
Imediatamente ouvi a porta se abrindo e Cah se calou, novamente insisto que Rubia sorriu por detrás da gag, como ela soube que a porta se abriu? Está de abafadores. Só sei que ela sorria, nunca me contou, mas seu que sabia quando a porta se abriu.
Então, finalmente ELE, porque será que me parece tão alto, tão nobre tão distante. Lembrei que estava sobre um puf, mas não é só isso, nos seus 1,78 m de altura, sua postura nobre parecia quase feito de madeira. Reparei que carregava nas mãos seu cachimbo e o cheiro do ambiente ficava mais forte a cada baforada. Estava descalço, sua calça era escura e sua camisa simples de malha era branca, um olhar duro e um queixo quadrado adornado com uma barba farta e bem trabalhada, daquelas que a gente vê que é aparada a navalha, completavam a figura a minha frente.
Olhou pra Rubia com carinho, e devo estar louca, por trás da gag, pela terceira vez respondeu o sorriso. Eu me vi pensando que, certamente, existe uma conexão entre os dois.
Olhou para Cah, como quem transmite força e coragem, e vi os olhos de gata abaixarem e juro, acho que ela ficou vermelha.
Me olhou com um ar especulativo, amainou a cabeça e não tive ideia do que seu olhar queria dizer.
Passou uns minutos olhando para cada uma das três. Fui chamada, levantei e quando ia abrir minha boca ELE segurou meus lábios e disse:
Hoje você é convidada dessa casa, fique quieta e apenas observe, você pode segurar meu cachimbo essa noite, quando estivermos em nossos trabalhos, mas só porque tem belos olhos verdes. Me entregou ele e foi direto para Cah, tão rápido que só deu tempo para ver um borrão sob sua camisa, depois vim a descobrir que era uma clave de sol, uma tatuagem linda, linda que tive vontade de tocar. Quando despertei do meu transe imaginativo, ele já tinha ajudado Cah a se levantar do solo. Percebi que as amarras nela estavam dispostas em pontos específicos e uma haste de metal segurava sua coluna no lugar, encaixava perfeitamente na coluna dela e sem me olhar ELE disse que tinha feito para ela, sob medida, ele mesmo mediu, forjou e preparou a peça. Cah sorriu porque gostou do duplo sentido da frase. Eu mal entendi o que havia acontecido e ela já começava a subir no ar, içada por 2 roldanas em uma engenhoca engraçada que eu, supus, ELE também havia criado. Pendurou nos braços dela 2 luminárias e disse:
- Hoje você trás a luz para essa casa, se você fraquejar Rubia perderá seu momento de atenção, e você não quer isso para ela quer? Se precisar acione sua palavra.
Enquanto subia Cah mantinha os olhos fechados, como quem busca força e concentração. Aparentemente estava naquilo que eu passei a chamar de SUBSPACE, o lugar para onde a mente da sub vai, quando o corpo está sendo levado ao limite.
ELE olhou para ela, quase pude ver um beijo sendo lançado ao ar, mas parece que isso foi invisível aos meus olhos. Pegou o cachimbo em minhas mãos como se eu não estivesse alí, socou o fumo no fornilho, acendeu com o fósforo, pôs o palito ainda quente em minhas mãos e se dirigiu a Rubia, andando olhou para Cah e como conexão mental ela abriu os olhos, uma lágrima escorreu e um sorriso corajoso veio a seu rosto. Fechou seus olhos e lá estava ela novamente no SUBSPACE.
Rubia tinha suas mãos amarradas em fita, parece que a celebração era dela e ela mesma era o presente. Fui chamada com os olhos e o cachimbo posto nas minhas mãos. Algo foi passado na pele de Rubia, não tenho ideia do que, e nem tinha coragem de perguntar, as alças da veste foram abaixadas. O abafador de sons foi tirado, mas a gag e a venda não. Ela tateou o chão, pegou uma vela também rosa no chão e entregou na mão dEle. Rubia teve sua nuca, ombros e parte das costas coberta com a vela, enquanto com uma das mãos e uma faca ele desenhava algo na parafina ainda mole. Fiquei intrigada mais com o instrumento usado que com a arte em si, me pareceu que lera meu pensamento e ELE disse:
- Também fiz essa peça, Convidada, ela também é um presente para Rubia, por isso parece tão pequena, medi as mãos dela para que fosse um presente perfeito.
Nem olhei, mas tive certeza que, mais uma vez ela sorria sob a gag. Olhei para Cah e ela estava lá em seus esplendor e glória submissa, brilhando no alto do cômodo.
ELE terminara o desenho, habilmente esculpiu o Cachimbo e o chicote, a marca de sua casa. Perguntou a Rubia se ela queria ver e ela, quase em dúvida disse que sim, me apontou os espelhos enquanto tirava a venda dos olhos dela. Posicionou um, me fez posicionar o outro na frente dela e seus olhos ficaram arregalados com a beleza e simetria do trabalho. Eu olhava para seus olhos e pensava: Como pode um par de belos olhos escuros escondidos assim?
Ela baixou os olhos, os espelhos foram colocado no mesmo lugar anterior e o belo trabalho foi desfeito a rápidos golpes de uma mão treinada, com a peça que foi moldado. Ele deve ter se dado por satisfeito, os objetos de privação foram colocados em Rubia novamente, não antes de um beijo dado em sua cabeça. Pegou novamente o cachimbo, mais fumo, usou o limpador de algodão, removeu resíduo sobre minha mão e reiniciou o processo com o fumo. Olhando para Cah, com um ar severo, de quem calcula a quantas anda a resistência de sua peça que usava o cordão vermelho. Ela ainda no SUSPACE, foi arriada, desamarrada, sofreu um spanking leve, imagino que, muito mais para o sangue voltar a circular, que por sadismo. Ele a põe no chão, deitada sobre o piso.
Fumou mais observando as duas e algumas poucas vezes a mim. Libertou Rubia da privação, deu a ela seu presente, abraçou-a com tanta afeição que eu sorri, como se fosse eu a abraçada. Foi até Cah, falou algo em seu ouvido, ela aquiesceu sem abrir os olhos. Disse a Rubia para ajudar Cah e ela sorriu, dessa vez de verdade, com um doce sorriso e foi até a moça deitada, que naquela posição parecia mais uma obra de arte.
A voz voltou a ser cerimoniosa, mas manteve a beleza forte. Disse que ia se retirar e cuidar da Convidada. Foi aí que eu entendi que estava falando de mim, mas quando dei por mim estava sendo levada dalí, saindo pela porta que bateu atrás de mim...
O que aconteceu depois disso? Isso só eu e ELE sabemos.
Autora: Cerise, Belo Horizonte